Sentir os livros
Na semana passada tive oportunidade de regressar a alguma da normalidade pré-covid, situação que trouxe consigo a possibilidade de regressar também às livrarias.
Ao longo do último ano e dois meses diria que em comparação com o mesmo período anterior (ano de 2019, na prática), o número de idas às livrarias físicas terá decrescido qualquer coisa como 90%. Sim, acredito que nesse período não fui mais do que 10% do número de vezes que teria ido sem covid.
Não comprei menos livros, se calhar até comprei mais, mas na esmagadora maioria das vezes fi-lo online. Comprei a grandes livrarias nacionais, nas plataformas internacionais, às livrarias independentes e pequenos negócios online, assim como nas plataformas de livros usados. Quase tudo menos nas livrarias físicas, e, verdade seja dita senti muita falta.
É muito diferente a relação com os livros quando lhes podemos tocar, folhear, ler a contracapa, a introdução, o índice, passar as folhas, apreciar. É quase namorar o livro.
Entrar numa livraria, observar, tocar, folhear um livro é um ato que permite encontrar sempre livros que não conhecíamos, não tínhamos reparado e com isto aumentar automaticamente a wishlist ou diminuir a conta bancária, ou pode também acontecer que, depois de inspecionar “aquele livro”, percebemos que não é bem o que estávamos à espera. Acontece para os dois lados, e faz parte da magia de ir a uma livraria.
Sentir os livros foi provavelmente das coisas que mais senti falta ao longo da pandemia. Por ser algo que tinha como um hábito e por ser algo que verdadeiramente aprecio. Muitas vezes, na minha hora de almoço, a ida à livraria é uma espécie de momento zen que me desliga por uns momentos de um dia difícil. Não sei se acontece com toda a gente, mas comigo resulta em pleno. O efeito terapêutico dos livros (cá em casa até há quem diga que é a minha igreja).
Espero, muito sinceramente, que daqui para frente possamos voltar, definitivamente, a alguma desta normalidade. Para voltar a sentir os livros.