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Ministério dos Livros

Um blog sobre livros e seus derivados

Novidade - "Cartas do Sahara" de Alberto Moravia

07.12.22

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Mais sobre o livro aqui

Sinopse:

África foi talvez o território que Alberto Moravia mais acarinhou na sua escrita de viagens. Além do Sahara, neste livro visita também a Costa do Marfim, o Quénia e o Zaire, numa descoberta que é ao mesmo tempo literária, estética e socioantropológica.

Assim, a subida de barco do rio Zaire torna-se um cotejo com as páginas mais intensas do romance africano de Joseph Conrad, Coração de Trevas; a crua luz tropical da Costa do Marfim reflecte o sonho contemplativo de Gauguin; a imagem de morte do deserto torna-se surpreendente imagem de vida; e a presença de tribos e aldeias primitivas suscita amargas considerações sobre as nefastas consequências do colonialismo.

Mas a grande protagonista destas viagens é a natureza; a nobreza das solidões majestosas, dos diálogos silenciosos entre a floresta e o rio, das intermináveis extensões de terra, água e céu, em que Moravia capta a mensagem profunda de África.

EXCERTOS
«Alberto Moravia diz que não se viaja no espaço, mas no tempo. Nuns casos para o futuro, como ao visitar os Estados Unidos, noutros em direcção ao passado, como quando o destino são certos lugares onde o tempo medieval ainda não se extinguiu. O deserto, conclui Moravia, é outra coisa: ‘até agora ainda não me acontecera fazer uma viagem fora do tempo, isto é, fora da história, numa dimensão, como dizer?, a-histórica, religiosa.’»
Carlos Vaz Marques, Prefácio

Novidade - "Ferry" de Djaimilia Pereira de Almeida

07.12.22

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Sinopse:

No ferry, em direcção a sul, Vera e Albano. Fugiam, ainda que não o soubessem. Na margem norte do rio, estavam a cidade e os fantasmas de quantos os haviam perseguido, existentes e imaginários. No nevoeiro, tudo isso era difícil de ver. A mulher encostou a cabeça ao ombro do homem e deram as mãos. Em diante, o desconhecido. E, sobre o desconhecido, um anel de neblina nascendo das águas negras.

Leitura - "O Mago do Kremlin" de Giuliano da Empoli

07.12.22

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Mais sobre o livro aqui

Li várias críticas sobre este livro antes de o ler, todas boas. Depois o livro ganhou em França o “Grand Prix du Roman de l’Académie française” e foi finalista do “Prémio Goncout”. A expetativa não podia estar mais alta, e al contrário do que por vezes acontece, correspondeu na integra.

Giuliano da Empoli confessa que tinha pensado escreve um ensaio ou mesmo uma biografia sobre o homem que serve de inspiração ao personagem principal e que foi o arquiteto real do poder de Putin, Vladislav Surkov, mas optou por romancear a informação que conhecia em vez de a apresentar de forma real, podendo dessa forma também preencher espaços em branco com imaginação e criatividade.

Um aspeto curioso é o facto de às tantas não ser possível ao leitor distinguir entre o que poderá ser realidade e que poderá ser ficcionado. Em todo o caso, é assustador perceber como se pode construir um império com base em embustes e mentiras.

Um romance que nos diz mais sobre a Rússia do que alguns livros de especialistas. E também sobre o poder e a irracionalidade que o rodeia. Muito bem escrito e argumentado (quando é necessário).

Percebo agora todo o burburinho à volta do livro. Perfeitamente justificado. Uma das melhores leituras deste ano. Indiscutivelmente recomendado.