Quando começou a pandemia e o trabalho a partir de casa passou a ser a nova realidade, passámos todos a conhecer um pouco a casa uns dos outros quando realizamos reuniões por via digital.
O meu local de trabalho foi sempre o mesmo, a minha biblioteca – escritório que, pela posição da minha secretária, deixa atrás de mim uma parte das minhas estantes.
Recentemente tive uma reunião com uma pessoa com quem tal não acontecia há mais de um ano. Ao ver a paisagem atrás de mim a pessoa em causa comentou o seguinte:
- “Acho que estás a ficar com livros a mais! Antigamente estavam todos direitinhos e agora já tens livros em cima de livros. Isso assim fica horrível! Não é nada estético!”
Efetivamente, com o aumento da minha biblioteca nos últimos dois anos, e com o espaço a escassear tive de começar a preencher todos os espaços vazios. O que a pessoa em causa provavelmente não percebe (nem nunca perceberá) é o seguinte:
1º - livros a mais é coisa que simplesmente não existe.
2º - a estética é algo que não me preocupa porque os meus livros não são bibelôs.
3º - o meu problema em bom rigor é com o espaço, em duas dimensões distintas: o espaço que me falta para arrumar livros e o espaço que sobra no cérebro de pessoas que proferem frases como a referi acima...