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Ministério dos Livros

Um blog sobre livros e seus derivados

Novidade - "Adolescência" de Leonor Xavier

28.02.22

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Mais sobre o livro aqui

Sinopse:

Um dia, de repente, por acaso de arrumações entre gavetas, estantes, livros, papéis, cartas, postais, reencontro o meu diário [entre 1956 e 1960]. Nele escorrem os anos em cadernos discretos, desbotados em capa forrada de papel, disfarçados num canto de prateleira, ali ficaram arrumados, esquecidos, longe. Descubro o retrato de uma época, de um desfile de preceitos e costumes, de adjetivos e expressões hoje desaparecidos em jeito de dizer, no quotidiano da nossa fala. Entre casos e circunstâncias, o diário guarda as inquietações, os desacertos, os sofrimentos, as teimosias, as incertezas. Lembrei o ambiente, os modos, os preceitos que conheci nos anos da minha adolescência. No mundo em transformação, pergunto-me sobre o tanto que hoje poderá permanecer, naqueles que hoje passam por esta fase de aprendizagem da humanidade e do mundo.»

Excertos
 
«No país a preto e branco onde vivemos, não há voz nem liberdade de expressão, assim somos formados e educados, os nascidos nos anos 40, adolescentes no rigor da década de 50, jovens adultos na instabilidade dos 60. Existe censura no meu país censurante, onde toda a palavra ou gesto é observado, notado, apontado, julgado pelos outros. Para sim ou para não. O sim é o reparo, a crítica, o maldizer, é o escárnio, o murmúrio. O não é o saber estar sem som, sem exprimir emoção, além de agrado, em modo de conveniência e cerimonioso sorriso.»
Da Introdução

Novidade - "A Primavera Há de Chegar, Bandini" de John Fante

28.02.22

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Mais sobre o livro aqui

Sinopse:

Retrato da América durante a Grande Depressão, este primeiro romance da saga de Arturo Bandini é uma obra-prima da literatura norte-americana moderna.

Enquanto a América agoniza no meio da grande crise dos anos 30, Arturo Bandini, filho de emigrantes italianos, faz a passagem da infância para a adolescência, numa pequena cidade do Colorado, desoladora no Inverno, com o seu manto de neve. O pai, pedreiro, desespera com a falta de trabalho e procura consolo no vinho e nas mulheres. A mãe, católica fervorosa, é tão submissa quanto autoritária. À espera da primavera, Arturo debate-se com o primeiro amor e sonha libertar-se do ambiente familiar sufocante.

Com Arturo — alter ego de John Fante —, vislumbramos a vida de toda uma comunidade imigrante italiana, pobre, marginalizada e castrada pela religiosidade, imaginamos o que é não ter oportunidades num país que as promete, reconhecemos que a vulnerabilidade dos mais frágeis é inescapável num país que apregoa o sucesso.

Afirmando-se simultaneamente como uma radiografia das dores da adolescência, dos laços de família que se desfazem e dos grilhões que deitam por terra os sonhos dos menos favorecidos, esta é uma trama intensa e comovente.

A Primavera Há-de Chegar, Bandini é o primeiro livro dos quatro que compõem a saga de Arturo Bandini, a grande obra de um nome clássico da literatura americana, mentor de vultos como Charles Bukowski.

Críticas
«Fante foi um deus para mim.»
Charles Bukowski

 

Críticas de imprensa
«O género de escritor que não deixa ninguém indiferente.»
New York Times

Os livros de História dizem que às vezes basta um louco

28.02.22

Cópia de Cópia de MINISTÉRIO dos LIVROS (12).pn

Na quinta feira um amigo meu mandou-me uma mensagem com o seguinte texto: “Bem dizia o professor de Europa Contemporânea – Guerra na Europa em larga escala nos dias que correm? Improvável, mas os livros de História dizem que às vezes basta um louco com poder”.

Lembro-me perfeitamente da situação a que se referia. Estávamos em 1998, 2º ano de Relações Internacionais, cadeira de Europa Contemporânea. O conflito nos Balcãs ainda não estava totalmente extinto. A pergunta surgiu de uma colega: “Professor, uma guerra em larga escala hoje seria impensável, certo?” O professor respondeu sem hesitação: “Improvável, mas os livros de História dizem que às vezes basta um louco com poder”. Tinha razão o professor, mas espero que apenas em parte.

Na quinta feira a única coisa que escrevi sobre o que aconteceu na Ucrânia foi no Instagram uma nota numa foto da BBC com Vladimir Putin e uma legenda onde se referia o ataque Ucrânia. A nota que escrevi foi a seguinte “Acho que é impossível qualquer pessoa que conheça um bocadinho de história não estar a sentir um certo arrepio na espinha”

Quer na universidade quer depois ao longo dos anos li suficientes livros de história para ficar assustado com o que está a acontecer. Ler muito sobre história deu-me essa consciência.

Hoje o que está a acontecer na Ucrânia é dramático para todos os ucranianos, que podíamos ser nós, e toca-nos a todos como seres humanos, pelo atropelo aos valores mais básicos. Mas a história mostra-nos que por vezes um rastilho lançado por um louco pode levar a um fogo de proporções incontroláveis, e isso assusta-me muito mais. Os livros de História explicam porquê.