Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Ministério dos Livros

Um blog sobre livros e seus derivados

Novidade - "A Cadela" de Pilar Quintana

07.04.21

dsfssfs.jpg

Mais sobre o livro aqui

Sinopse:

Na costa da Colômbia virada ao Pacífico - num lugar onde a paisagem luxuriante contrasta com uma pobreza extrema e o homem é uma migalha diante da força dos elementos - vive Damaris, uma negra com cerca de 40 anos que toda a vida quis ser mãe. A sua relação com o marido tornou-se, aliás, fria e turbulenta à medida que o casal foi sacrificando tudo o que tinha à obsessão de Damaris e, apesar disso, ela nunca conseguiu engravidar.

Mas a vida desta mulher frustrada parece encontrar uma réstia de esperança no dia em que adopta a última cadelinha de uma ninhada. Só que, tal como os filhos nem sempre correspondem às ambições que os pais têm para eles, Chirli também não será a cadela com que Damaris sonhou.

Esta é uma novela brilhante sobre a maternidade, a traição, a lealdade, a culpa, e também sobre a relação enigmática e por vezes excessiva entre os donos e os seus animais. Uma história narrada pela voz confiante e madura de uma escritora que viu o seu livro ser traduzido em mais de uma dezena de línguas e chegar à final do National Book Award nos EUA.

Críticas
 
«A magia deste romance reside na capacidade de abordar uma série de questões importantes enquanto parece estar sempre a falar de outras coisas. Que questões são essas? Violência, solidão, resiliência, crueldade. Os livros de Pilar Quintana maravilham-nos com a sua prosa desassombrada, acutilante, poderosa.»
Juan Gabriel Vásquez

«Pilar Quintana descobre feridas que não sabíamos que tínhamos, realça a sua beleza e logo a seguir despeja nelas um punhado de sal.»
Yuri Herrera

Leitura - "Klara e o Sol" de Kazuo Ishiguro

07.04.21

Uma das últimas compras (16).png

Mais sobre o livro aqui

A nossa apreciação sobre um livro pode ser grandemente toldada pela expetativa e por ideias pré-concebidas que criamos na nossa mente sobre o mesmo. Não é uma novidade, mas às vezes manifesta-se de forma mais efetiva. Aconteceu-me isso mesmo com “Klara e o Sol”.

“Klara e o Sol” é o meu primeiro livro do escritor laureado com o Nobel, Kazuo Ishiguro, e quando li inicialmente sobre o livro, sabendo que se tratava de um romance no campo da ficção cientifica, criei uma ideia sobre como seria, ideia essa que não se concretizou, porque não é “a” ficção científica no sentido em que a imaginei.

Desde logo é necessário ter em conta que o narrador é um robot, Klara, uma Amiga Artificial, e toda a história, situada num futuro próximo, é contada tendo por base a sua perspetiva.

Aquilo que pode ser visto como uma fragilidade da história, porque dai resulta alguma falta de enquadramento global, é afinal de contas a essência do livro. O livro “é” a visão de um robot sobre os humanos, o comportamento humano, interações e os sentimentos humanos, em particular o amor. É muito importante que o leitor entre na história por esta porta, ou seja, com a ideia que clara de que a história é contada na perspetiva de um robot humanoide, à partida desprovida de sentimentos, mas que ao mesmo tempo revela caraterísticas humanas, como a procura da salvação.

Klara apresenta-nos um mundo do qual ficamos a saber que robots como ela existem para aliviar a solidão de jovens, de uma casta superior, “elevados”, que pouco ou nada convivem, a não ser em momentos programados de interação. É um mundo que ela própria procura aprender e “compreender”, para, no limite poder ser até uma opção para substituir uma humana, no caso, a criança para a qual foi comprada.

Existem peças do puzzle que vão ficar por preencher, mas será menos uma falha do que uma consequência da forma como a história é contada. A essência é a humanização de um robot na sua relação com os humanos e todo o seu “percurso de vida”, e de alguma forma o seu contraste com o ser humano.

Em suma, gostei do livro, mas acho que é possível não o tenha apreciado em toda a sua essência. Sinto que me faltou ler algumas, senão muitas, entrelinhas. É um livro que deveria ter uma segunda leitura. É por isto mesmo que recomendo a sua leitura, precisamente para que possam constatar, ou não, o que refiro e, caso o façam partilhem por favor a vossa opinião. Nota: tenham sempre presente que o narrador é um robot. É importante.