"É pior, muito pior do que pensa", alerta-nos David Wallace-Wells.
O premiado jornalista sabe do que fala, há décadas que recolhe histórias sobre alterações climáticas. Algumas delas, no início, pareciam-lhe quase fábulas - como a dos cientistas que ficaram isolados numa ilha de gelo rodeados por ursos polares. Com o tempo, porém, deixou de ver nelas qualquer sentido alegórico.
A realidade começou a fornecer-lhe material de reflexão cada vez mais sombrio. Os desastres climáticos sucedem-se agora a uma velocidade e a uma escala sem precedentes na história da humanidade. Ao mesmo tempo, todos os estudos científicos sobre a transformação em curso do nosso planeta apontam num único sentido - o fim do mundo tal como o conhecemos. É pois a partir dos factos observáveis, e das previsões possíveis sobre o modo como vamos viver, que este livro se constrói.
Com um enorme sentido de urgência, e num tom que evoca a reportagem de guerra, o autor dá-nos, resumida e analisada, a informação mais relevante de que hoje dispomos.
E o que todas as projeções antecipam é um cenário de horror bíblico: morte por hipertermia, por afogamento, por inanição, por falta de água potável, por desastres naturais e epidemias. E não estamos a falar de dezenas de pessoas, mas de milhões. E não estamos a falar no horizonte remoto de 2050 ou de 2100, mas daquilo que espera a nossa geração.
Estamos em período de "vacas gordas" em termos de lançamentos literários, por isso, e no que ao mês de novembro diz respeito, aqui ficam algumas novidades a ter em conta.
Espanha, final da década de 1930. A vitória iminente das tropas franquistas na Guerra Civil obriga milhares de pessoas a abandonar o país, numa perigosa viagem através dos Pirenéus. Entre eles, Roser Bruguera, uma jovem viúva, e Víctor Dalmau, médico e irmão do falecido marido de Roser. Em França, conseguem embarcar no Winnipeg, um navio fretado pelo poeta Pablo Neruda que transportou mais de 2 mil espanhóis até ao Chile – essa «longa pétala de mar, de vinho e de neve» –, onde são recebidos como heróis. Víctor e Rosa integram-se com sucesso na vida social do país de acolhimento, durante várias décadas, até ao golpe de Estado que derruba Salvador Allende, parceiro de xadrez de Víctor Dalmau. Os dois amigos de toda uma vida voltam a ser obrigados ao exílio, mas, como diz a autora, «se vivermos o suficiente, todos os círculos se fecharão.»
Isabel Allende propõe-nos uma viagem através da História do séc. XX, pela mão de personagens inesquecíveis que descobrirão que numa só vida cabem muitas vidas e que, por vezes, o difícil não é fugir, mas regressar.