Li quase de uma assentada e terminei ontem o livro de poesia “A Passagem” de Horácio N. Medina, que me foi gentilmente enviado pelo autor.
Confesso com toda a honestidade que fiquei surpreendido quando fui abordado para receber, ler e fazer uma review, ou comentário, como preferirmos chamar-lhe, a este livro, desde logo por se tratar de uma situação nova para mim.
Acedi a fazê-lo por duas razões: primeiro porque acho que é de valorizar um autor que procura dar a conhecer o seu trabalho sem receio da crítica e por outro porque me deu a oportunidade de ler um livro de poesia.
A minha relação com a poesia é complexa: sempre me vi como um “pseudo-criador” amador de poesia (para mim, apenas, embora como o autor também tenha participado nos volumes de poesia da Chiado Editores “Entre o Sono e o Sonho”), e não tanto como um consumidor.
Ler poesia é para mim um exercício difícil porque tenho dificuldade em concentrar-me no que estou a ler sem tentar descascar as camadas de cada ver. Tenho para mim a ideia que ler os poemas escritos por alguém é ler uma parte da sua alma, porque em nenhum outro género o autor coloca tanto de si num texto como na poesia.
O próprio autor tem, acredito eu, mais ou menos o mesmo o mesmo entendimento. Num nos poemas do livro podemos ler o seguinte:
Porque escrevo não sei.
Que deverei saber eu da minha literatura?
E os que leem, que deverão saber eles de mim?
Ler é encher a lama
Escrever é a libertação
Estas cinco linhas são para mim o resumo perfeito do meu entendimento da poesia e agradou-me encontra-los no livro. São como luz que brilha mais no meio de todos os outros poemas.
Ler este livro de Horácio N. Medina é, acredito, olhar para o seu interior através de linhas que para ele fazem todo o sentido e que o leitor pode tentar interpretar, na pessoa do autor ou na sua própria visão.
O meu compromisso com o autor foi o de fazer uma critica honesta, por isso, com toda a honestidade, registo foi uma leitura muito interessante. É um livro que cada um pode ler à sua maneira. É essa a beleza da poesia. É o que nós quisermos que ela seja.