Leituras - "Estar Vivo Aleija" de Ricardo Araújo Pereira
“Estar vivo aleija”. Mais uma leitura concluída, e mais uma vez com gosto.
Já aqui escrevi sobre a admiração que tenho por Ricardo Araújo Pereira (RAP), que ao contrario daquilo que ele próprio muitas vezes diz, é tudo menos um parvo. É aliás o contrário de parvo.
Não sei que tipo de sentimento a leitura dos textos de RAP desperta na generalidade das pessoas, em mim, uma simples crónica consegue, não raramente, deixar-me a pensar: porra este gajo é mesmo bom, não apenas porque me faz rir, mas pela imaginação, aliado ao conhecimento que consegue compilar num texto.
RAP é muito mais do que aquilo que diz ser, e este livro – conjunto de crónicas – prova isso mesmo. Na apresentação a sua editora disse que este é o seu melhor livro. Não sei se será, mas é certamente aquele em que percebe que RAP é não apenas um humorista, mas um pensador brilhante, independentemente forma como expressa as suas ideias.
Podemos olhar para o livro como um conjunto de crónicas para a “Folha de São Paulo” ou como pedaços de pensamos e ideias, algumas que ficam a tilintar na nossa cabeça. Um exemplo: “A gente joga a primeira parte da vida com medo de apanhar do pai e a segunda com medo de deixar o filho órfão”.
Há muitas ideias de RAP com as quais não me idêntico, mas isso não lhe reconheça valor, desde logo porque ele faz algo cada vez mais raro nos nossos dias: fundamenta as suas opiniões, procura informação, pensa nas coisas de forma a sustentar as suas ideias.
Um dia deste em conversa com uns colegas disse que há muito pouca gente que eu inveje, e RAP é uma dessas pessoas, precisamente porque é alguém brilhante e que tem o dia-a-dia que gostaria de ter: passa o dia a ler.
Comprem e leiam o livro que vale muito a pena!