Leituras - "Um Gentleman em Moscovo" de Amor Towles
Conclui já na quarta feira da semana passada o livro “Um Gentleman em Moscovo” de Amor Towles.
Posso dizer que foi uma leitura com gosto e interesse em crescendo. Confesso que logo no início não fiquei muito entusiasmado, mas ao fim de algumas páginas o interesse cresce e fica claro que o livro é bom, mesmo muito bom.
A construção da história é excelente, o enredo é muito bem conseguido, as personagens muito convincentes e a escrita é altamente cativante. O autor releva uma grande qualidade de escrita, na linguagem utilizada, na ligação entre as diversas personagens e mesmo na informação disponibilizada ao leitor sobre o local onde a história decorre (um hotel) e sobre a envolvência política (a Rússia pós resolução) que torna a narrativa muito fluida, agradável e ao mesmo tempo imprevisível.
Para quem gosta de história é também uma oportunidade para ficar a conhecer melhor algumas particularidades da Rússia bolchevique.
Consigo perceber facilmente todo o entusiasmo à volta do livro e a crítica extremamente positiva que teve. É um livro de se lhe tirar o chapéu, de facto. E embora seja cada vez mais difícil dizer que fica na lista do 10 ou dos 20 mais (tenho lido muitos livros bons nos últimos anos), é certamente um livro que fica.
Convido outros leitores a percorrerem a história do conde Rostov e apreciarem muito bons momentos de entretenimento. Este é um daqueles livros que vale mesmo a pena ler.
Sinopse:
Por causa de um poema, um tribunal bolchevique condena o conde Aleksandr Rostov a prisão domiciliária. Ficará retido, por tempo indeterminado, no sumptuoso Hotel Metropol. A prisão pode ser dourada. Mas é uma prisão.Estamos em Junho de 1922. Despejado da sua luxuosa suíte, o conde é confinado a um quarto no sótão, iluminado por uma janela do tamanho de um tabuleiro de xadrez. É a partir dali que observa a dramática transformação da Rússia. Vê com tristeza os magníficos salões do hotel, antes animados por bailes de gala, serem agora esmagados pelas pesadas botas dos camaradas proletários. E vê-se obrigado a negociar a sua sobrevivência, num ambiente subitamente hostil. Aos poucos, porém, o aristocrata descobre aliados no hotel, com quem partilha o seu amor pelo belo – e a defesa de valores morais que nenhuma ideologia poderá vergar. Faz-se amigo do chef, dos porteiros, do barbeiro, do encarregado da garrafeira, e com eles conspira para devolver ao Metropol a sua antiga e majestosa glória. Ao mesmo tempo, toma sob a sua proteção uma menina desamparada, a quem provará que a vida não se resume à luta de classes. Amor Towles oferece-nos um dos mais requintados (e melancólicos) romances dos últimos anos.Uma obra épica, habitada por uma galeria de personagens inesquecíveis e servida por uma escrita de uma elegância cada vez mais rara nas letras contemporâneas.