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Ministério dos Livros

Um blog sobre livros e seus derivados

Leituras - "Sinal de Vida" de José Rodrigues dos Santos

26.12.17

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Já li uma boa parte dos livros de José Rodrigues dos Santos (JRS) mas dou sempre primazia aos que tem como personagem principal Tomás Noronha. Esses li-os todos.

Confesso que os últimos dois livros do personagem – “A Chave de Salomão” e “Vaticanum” tinham-me deixado algo desiludido. O primeiro porque tem partes excessivamente teóricas sobre temas difíceis de compreender para o comum normal (muito à volta da física quântica), o segundo porque acho que lhe falta alguma ação.

Obviamente que percebo que os temas envolvidos condicionam o tipo de história que é possível criar, por isso compreendo que, mesmo obedecendo à mesma fórmula, o resultado não seja sempre igual.

Tudo isto para dizer que acabei ontem o livro “Sinal de Vida” de JRS, e, contrariamente aos últimos dois títulos indicados acima, posso dizer que gostei bastante. Está muito bem conseguido.

A história anda à volta da descoberta de um contacto extraterrestre e a identificação de um “veículo”, também extraterrestre, que se dirige para a Terra, no entanto, a base é a origem da vida, o que é vida e tudo o que sabemos e não sabemos sobre o tema, e nesse aspeto faz muito bem aquilo que os livros de JRS fazem, explica, dá informação, põe o leitor a parte de temas que de outra forma apenas em livros muito mãos maçudos poderia ficar a conhecer, tudo isto enquanto conta uma história.

O livro dá muita informação, mas deixa também muita margem ao leitor para pensar sobre o tema, e eu confesso que é um tema que me interessa, e muito.

Devo dizer que não entendo muito bem as críticas e o desdém a que JRS é sujeito, e muitas vezes não percebo se o problema é com a obra ou com o autor. Eu não sei se JRS é boa ou má pessoa, não sei se é humilde ou arrogante, o que sei é que aquilo que escreve, contrariamente ao que muitas vezes se pretende fazer crer, tem valor, e, no meu caso em particular, vai exatamente ao encontro do que eu gosto: história com informação, ou, se preferirem, ficção com informação.

Já li críticas de bradar aos céus escritas por pessoas que a única coisa que conseguem escrever é mesmo uma crítica e fico sempre a pensar: qual é o problema desta gente? Num país onde se escreve tanta porcaria, este autor consegue juntar uma investigação relevante com a capacidade de imaginar uma história para a contar. É óbvio e natural, que possa haver quem não goste, compreendo isso perfeitamente, o que não entendo é a forma como lhe são feitas as críticas.

Da minha parte não tenho nenhum problema em admitir que é dos meus autores favoritos, que aprendi, e aprendo, bastante com o que ele escreve, e, verdade seja dita, embora exista sempre muita celeuma à volta dos temas que escolhe não me recordo de ler que aquilo que escreve tem fundo de mentira.

No caso em concreto do livro “Sinal de Vida” recomendo a todos os que gostam de pensar na origem de tudo, de questionar o somos e de onde viemos, e ainda se estaremos ou não sós neste vasto universo. Como o próprio autor diz na nota final este livro completa uma trilogia iniciada com “A Formula de Deus” (o meu livro favorito de JRS) e desenvolvida com “A Chave de Salomão (um dos meus menos favoritos). Vale a pena ler.

 

Sinópse: Um observatório astronómico capta uma estranha emissão vinda do espaço na frequência dos 1,42 megahertz. Um sinal de vida. O governo americano e a ONU são imediatamente informados. Um objeto dirige-se à Terra. A NASA prepara com urgência uma missão espacial internacional para ir ao encontro da nave desconhecida. Tomás Noronha, o maior criptanalista do mundo, é recrutado para a equipa de astronautas. Começa assim a mais invulgar aventura do grande herói das letras portuguesas modernas, uma história de cortar a respiração que nos leva ao coração do maior mistério do universo. Será a vida um acidente ou resultará de um desígnio? Estaremos sós ou seremos um entre milhões de mundos habitados? A existência é um acaso ou tem um propósito?